Ray Dalio é um dos investidores mais influentes de sua geração. Como fundador da Bridgewater Associates, Dalio criou uma estratégia baseada na diversificação global, na previsão econômica e na construção de portfólios com equilíbrio de risco. Sua empresa foi pioneira na abordagem “All Weather”, concentrando-se menos na escolha de ações individuais e mais na navegação pelas tendências de longo prazo em todas as classes de ativos e regiões geográficas.
A visão de mundo de Dalio é moldada por décadas de estudo de ciclos econômicos, mudanças políticas e comportamento do banco central. Ele tem enfatizado constantemente a importância de compreender a história, a dinâmica da moeda e os padrões de dívida ao investir. Embora a Bridgewater seja conhecida por seus modelos proprietários e suas lentes macro globais, seus arquivos 13F ainda oferecem informações valiosas sobre onde a empresa está alocando sua exposição a ações públicas em um determinado trimestre.
Com mais de US$ 20 bilhões em ações norte-americanas divulgadas publicamente em 31 de março de 2025, o mais recente registro 13F da Bridgewater fornece uma visão geral de como uma das empresas de investimento mais orientadas por dados do mundo está navegando no complexo ambiente de mercado atual. Abaixo estão as cinco maiores posições que atualmente formam o portfólio público da Bridgewater.
1. SPDR S&P 500 ETF Trust (SPY) 8,62% do portfólio
A maior participação divulgada pela Bridgewater continua sendo o SPDR S&P 500 ETF Trust, representando 8,62% da carteira, com um valor de mercado de aproximadamente US$ 1,87 bilhão. Entretanto, a empresa reduziu significativamente sua posição no último trimestre, vendendo cerca de 4,9 milhões de ações, o que representou um corte de 59,4%.
A mudança sugere um afastamento tático da ampla exposição às ações dos EUA durante um período de maior incerteza no mercado. Também não deixa de ser surpreendente que algumas pessoas estejam interpretando isso como uma mensagem de que a Bridgewater e Dalio, especificamente, não estão confiantes de que as ações dos EUA terão um caminho tranquilo pela frente.
Dalio sempre enfatizou a importância da diversificação e do equilíbrio de riscos. Essa redução no SPY provavelmente reflete ajustes em nível macro ligados ao posicionamento global mais amplo da Bridgewater. Como as avaliações das ações dos EUA permanecem elevadas e a volatilidade persiste, o corte pode sinalizar um reequilíbrio em direção a ativos fora dos EUA ou exposições mais direcionadas com características favoráveis de risco-recompensa.
2. iShares Trust – iShares Core S&P 500 ETF (IVV) 5,64% da carteira
A Bridgewater aumentou sua posição no ETF iShares Core S&P 500, acrescentando quase 136.000 ações no último trimestre, totalizando uma participação de mais de 2,17 milhões de ações. Essa participação está agora avaliada em aproximadamente US$ 1,22 bilhão, representando 5,64% do portfólio. Embora menor do que a posição no SPY, o aumento sinaliza uma alocação contínua, porém mais comedida, em ações dos EUA.
Há também a consideração de que o aumento das ações do IVV poderia ser visto como uma exposição mais ampla às ações americanas de grande capitalização, ao mesmo tempo em que é mais econômico.
A adição do IVV pode representar um refinamento estrutural em vez de uma mudança de direção. O IVV tem índices de despesas mais baixos do que o SPY e pode se adequar melhor às preferências de exposição passiva da Bridgewater. Também pode refletir escolhas internas de modelagem de risco que favoreçam as características de liquidez e rastreamento do IVV para equilibrar a exposição a ações domésticas dentro de suas estruturas de paridade de risco.
3. iShares Core MSCI Emerging Markets ETF (IEMG) 4,72% da carteira
A exposição aos mercados emergentes continua sendo um tema importante na estratégia de ações da Bridgewater. A empresa aumentou sua posição na IEMG em quase 1,3 milhão de ações no último trimestre, elevando seu total para 18,96 milhões de ações, no valor de cerca de US$ 1,02 bilhão. A posição agora representa 4,72% do portfólio da Bridgewater.
Acredita-se que a compra de mais ações da IEMG por Dalio faz parte de sua estratégia do “Santo Graal dos Investimentos”, que inclui o foco no equilíbrio de riscos e retornos consistentes.
Dalio há muito tempo aponta para a mudança no equilíbrio do poder econômico global, favorecendo os mercados emergentes por seu potencial de crescimento, tendências demográficas e correlação reduzida com as economias ocidentais. O acréscimo do IEMG se alinha a essa visão de mundo, oferecendo exposição diversificada na Ásia, América Latina e outros países. A posição apóia a tese macro da Bridgewater de que os mercados emergentes serão os principais impulsionadores dos retornos globais na próxima década.
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4. Alibaba Group Holding Ltd (BABA) 3,45% da carteira
O Alibaba se tornou uma das ações mais agressivas da Bridgewater, representando 3,45% do portfólio, com um valor total de US$ 748,5 milhões. A empresa adicionou mais de 5,4 milhões de ações no último trimestre, expandindo a posição em mais de 2.100%. Esse aumento acentuado se destaca em um portfólio com muitos ETFs e sugere um movimento de alta convicção.
A aposta considerável da Bridgewater no Alibaba pode refletir uma visão contrária sobre as ações chinesas em um momento em que muitos investidores permanecem cautelosos. Dalio sempre defendeu os fundamentos de longo prazo da China e considera que empresas como a Alibaba estão subvalorizadas em relação a seus pares globais.
O investimento parece ser uma decisão orientada por fatores macroeconômicos sobre a flexibilização das políticas, a recuperação do comércio eletrônico e a estabilização mais ampla dos mercados de capitais chineses. A força do Alibaba em IA também é uma provável força motriz do aumento da posição da Bridgewater.
5. Alphabet Inc (GOOGL) 2,17% da carteira
A Alphabet representa 2,17% da carteira da Bridgewater, com um total de pouco mais de 3 milhões de ações avaliadas em US$ 470,5 milhões. A empresa reduziu a posição no último trimestre em quase 579.000 ações, diminuindo sua participação em cerca de 16%.
A medida sugere uma mudança na forma como a empresa está alocando para a tecnologia de grande capitalização dos EUA, da qual parece estar se afastando lentamente. Em outras palavras, isso não é um reflexo da própria Alphabet, mas mais do mercado de tecnologia mais amplo dos EUA.
Dalio elogiou a inovação dos EUA, mas continua cauteloso quanto ao excesso de valorização no setor de tecnologia. A redução na Alphabet pode sinalizar o desejo da Bridgewater de moderar a exposição a empresas fortemente vinculadas à publicidade e às tendências de consumo digital, especialmente com o aumento dos riscos macroeconômicos. Ainda assim, a participação remanescente indica a crença contínua na força de longo prazo da Alphabet em IA e computação em nuvem.
Dalio joga o jogo longo, não o comércio momentâneo
A abordagem de investimento de Ray Dalio está enraizada nos fundamentos macroeconômicos globais e não no sentimento do mercado de curto prazo. Como fundador da Bridgewater Associates, ele construiu sua estratégia com base no equilíbrio de riscos entre classes de ativos e regiões geográficas. A empresa se concentra em como os ciclos econômicos, as taxas de juros, a inflação e a geopolítica interagem para moldar os retornos no longo prazo.
O portfólio da Bridgewater reflete essa filosofia, com grande peso de ETFs, diversificado entre regiões e, ocasionalmente, pontuado por movimentos ousados em mercados emergentes ou megacaps incompreendidas, como o Alibaba. Para os investidores, as participações da empresa revelam uma visão disciplinada e de cima para baixo da economia mundial e uma preferência por tendências estruturais em detrimento da propaganda do mercado.
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